quinta-feira, 30 de outubro de 2008

CINE RAPADURA REALIZARÁ MOSTRA DE NEGRITUDE

Mostra Negra

A Nega – Ação do Cinema

Dizem que a escravidão terminou em 1888, num 13 de maio pálido, no Rio de Janeiro, pela mão da princesinha Izabel. Após esse período, rezam os ideólogos de plantão, vigorou no Brasil a “democracia racial” e a “harmonia social”, e o que emprestava identidade a esse país mestiço era exatamente a aquarela colorida, tingida com a matizes da cultura branca, negra e indígena. Um verdadeiro “caldeirão cultural”. A própria visão do “paraíso”!

Nas telas do cinema, porém, e nas ruas das principais cidades brasileiras, o negro e a negra continuaram sendo exibidos como um subgrupo humano, ridicularizado em termos de cultura e representado como mero instrumento de trabalho (os homens) ou como animais de procriação (a mulher). No cinema e nas telenovelas, o que vimos foi sempre A Negação do Brasil: o negro(a) eternamente agrilhoado nas representações estereotipadas do homem passivo, da mulher submissa, do místico alienado, do trabalhador braçal, do marginal, do bêbado, do mendigo, enfim, a naturalização do africano (e seus descendentes) como escravo.

No Brasil e no mundo a imagem do negro(a) no cinema foi a cristalização de estereótipos raciais, até que atores, diretores e produtores negros multiplicaram-se pelo planeta, especialmente nos EUA, e deixaram o cinema em pânico! Produtos cinematográficos de baixo custo e alta qualidade reinventaram o jeito de fazer cinema. Não chegou a ser uma revolução, mais uma Febre na Selva. Ao invés de fantasmas domesticados, fez-se a crítica ácida e direta ao racismo em sua dimensão cotidiana - isto é fazer cinema! Se outrora tínhamos o ocultamento da realidade negra, agora ela está visível e em movimento. Da crítica ao protagonismo negro, foi um pulinho. Você, agora, sentado nas poltronas do Cine-Rapadura, que pensa, que se diverte, que se emociona, assista e observe com atenção a Nega-Ação no Cinema e, é claro, sozinho ou acompanhado, não se esqueça: Faça a Coisa Certa! (Eduardo David Oliveira - Prof. CFP/Amargosa)

Faça a coisa certa – EUA, 1989. Direção: Spike Lee. Livre 04/11/2008 Sal, um ítalo-americano, é dono de uma pizzaria em Bedford-Stuyvesant, Brooklyn. Com predominância de negros e latinos, é uma das áreas mais pobres de Nova York.. Sal cultua decorar seu estabelecimento com fotografias de ídolos ítalo-americanos dos esportes e do cinema, o que desagrada sua freguesia. No dia mais quente do ano, Buggin' Out (Giancarlo Esposito), o ativista local, vai até lá para comer uma fatia de pizza e se desentende com Sal por não existirem negros na "Parede da Fama" dele. Sal retruca dizendo que esta parede é só para ítalo-americanos e se Buggin' Out quer ver fotos dos "irmãos" que abra sua própria pizzaria. Notando que não vê nenhum italiano para proteger Sal, Buggin passa o resto do dia tentando organizar um boicote contra a pizzaria. Este incidente trivial é o ponto de partida para um efeito dominó, que vai gerar vários problemas. Um desentendimento com Mookie o leva a enfrentar uma série de mal-entendidos, que resultam em pancadaria. A polícia chega ao local e acaba matando um dos fregueses, transformando a confusão em tragédia.

A negação do Brasil – Brasil. Direção: Joel Zito Araújo. 12 anos.12/11/2008

"A Negação do Brasil – O Negro na Telenovela Brasileira", documentário de Joel Zito Araújo, é o resultado de anos de pesquisa em dezenas de novelas, formando um inventário da participação e importância de atores negros em produções que vão de 1963 a 1997. O documentário em 135mm, dirigido por Joel Zito, possui trechos de novelas e depoimentos de atores negros e diretores. Alguns destes testemunhos são surpreendentes, como o de Toni Tornado, cujo personagem em "Roque Santeiro" ao final da novela seria o par romântico da Viúva Porcina, não fosse a interferência da "censura"; Ou ainda o diretor Walter Avancini que afirma, com perturbadora naturalidade, inexistir na época uma atriz negra capaz de viver "Gabriela", na novela de mesmo nome. Febre na Selva - EUA, 1991. Direção: Spike Lee. 14 anos. 26/11/2008 Jovem e bem-sucedido arquiteto negro causa surpresa quando inicia um romance extra-conjugal com a sua secretária branca, descendente de italianos. O caso transforma-se numa acirrada disputa entre membros das duas famílias e revela as diferenças entre as duas etnias.

2 comentários:

  disse...

"A vida é mais importante que a propridade privada".
(Travamos essa discussão após a exibição do filme "Faça a Coisa Certa".

  disse...

"A vida é mais importante que a propridade privada".
(Travamos essa discussão após a exibição do filme "Faça a Coisa Certa").