quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Mostra Nega-Ação no Cinema
(novembro/2009)

NEGAÇÃO OU NEGRA-AÇÃO??

Carlos Adriano da Silva Oliveira
estudante do 7. Semestre do curso de Pedagogia/CFP/UFRB
Atravessamos um momento de grande efervescência no que se refere ao debate sobre questões étnicas, envolvendo particularidades e interesses de atores sociais historicamente rejeitados. O instante é de transformação, pois, o discurso e o embate passam a ser materializados. Ressalto a luta e atuação dos Movimentos Sociais, sobretudo o movimento negro, as políticas de ações afirmativas, a SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), a implementação da lei 10.639/03 (atualizada pela lei 11.645/08) e o Estatuto da Igualdade Racial, como representantes legítimos da força do debate na atualidade. Práticas de um modelo hegemônico marginalizam e desqualificam ações que concebam positivamente o negro na sociedade. Essas práticas decorrem do aprofundamento das desigualdades sociais, fortalecendo o racismo e a disseminação de preconceitos. Com uma sociedade hierarquizada e classificatória, nos deparamos com concepções errôneas estruturadas a partir da valorização positiva da cor branca, metáfora da divindade, da pureza e da luz, e desvalorização da cor negra, relacionada à treva, ao satã, ao pecado. Assim, a construção da auto-imagem do negro é desprestigiada, ocultada. Em linhas gerais é “negada”. As idéias de preconceito e discriminação imprimem marcas negativas e são construídas socialmente. As pessoas não as herdam geneticamente, mas as perpetuam na dinâmica do cotidiano. Desse modo, ações contrárias às configurações preconceituosas, discriminatórias e racistas e que valorizem uma nova forma de sociabilidade, devem ser incentivadas e estimuladas. E nesse sentido a arte tem papel fundamental por sua capacidade de gerar outras sociabilidades por meio de diversas percepções e, sobretudo, por meio da sensibilidade estética. O cinema tem aí papel fundamental, revolucionário – como dizia Walter Benjamin – desmascarando preconceitos, trazendo inquietações, nos incomodando e colaborando para posturas mais críticas, esteticamente diversas e reflexivas. E a este respeito, desde Glauber Rocha o cinema brasileiro tem trazido à tona questões sobre a profunda desigualdade que marca nossas relações sociais, visibilizando o tema sobre o preconceito na sociedade e, sobretudo, superando e o mito da democracia racial e outras práticas de ocultamento/silenciamento que fortalecem a idéia da “negação” do negro. A efervescência do debate sobre o preconceito nos remete a outra palavra, “Esperança”. Torna-se imprescindivel uma postura de enfretamento afim de valorizar atitudes e comportamentos representados positivamente na socialização do negro, construindo uma “NEGRA-AÇÃO”.

PROGRAMAÇÃO:

04/11/2009
Quase dois irmãos – Brasil - RJ, 2003. Direção: Lúcia Murat.

Nos anos de 1970, quando o país vivia sob a ditadura militar, presos políticos e assaltantes de banco, ambos submetidos à Lei de Segurança Nacional, foram levados para a penitenciária da Ilha Grande, na costa do Rio de Janeiro. A partir dos personagens Miguel, um jovem intelectual de classe média, preso político e hoje deputado federal, e Jorge, filho de um sambista, que de pequenos assaltos se transformou num dos líderes do Comando Vermelho, o filme tem como pano de fundo a história política do Brasil nos últimos 50 anos, contada também através da música popular, o ponto de ligação entre esses dois mundos.

 
11/11/2009

A negação do Brasil – Brasil - SP, 2000. Direção: Joel Zito Araújo. Classificação: 12 anos.
Tabus, preconceitos e estereótipos raciais são discutidos a partir da história das lutas dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história da telenovela – o produtor de maior audiência no horário nobre na TV brasileira. O diretor, baseado em suas memórias e em pesquisas, analisa as influências das telenovelas nos processos de identidade étnicas dos afro-descendentes.
 
Curta-Conferência – Exibições de curtas-metragens na IV Conferencia de Negritude e Educação da UFRB

18/11/2009
Carolina – Brasil - SP, 2003. Direção: Jéferson De.
Brasil. Final dos anos 50. Carolina de Jesus escreve seu Diário. Dentro de seu barraco ela denuncia a fome, o preconceito e a miséria. Publicada, torna-se um sucesso editorial, sendo editada em 13 línguas. Apesar do reconhecimento imediato e explosivo, a “exótica” mulher negra e ex-favelada falece pobre.

19/11/2009
Nelson Sargento – Brasil - RJ, 1997. Direção: Estevão Ciavatta
Retrato biográfico do sambista Nelson Sargento durante uma visita ao Morro da Mangueira, no Rio de Janeiro.

20/11/2009
Um dia na rampa – Brasil - BA, 1957. Direção: Luiz Paulo dos Santos.
Um dia na rampa do Mercado Modelo de Salvador, onde chegavam os saveiros voltando do Recôncavo Baiano trazendo produtos para o comércio na capital. Tradições da capoira, do candomblé e outros costumes são apresentados no filme.

25/11/2009
O rap do pequeno príncipe contra as almas sebosas – Brasil - PE, 2000. Direção: Paulo Caldas e Marcelo Luna.


Dois personagens reais, Helinho e Garnizé, foram o eixo do documentário. Helinho, justiceiro, 21 anos, conhecido na comunidade como O Pequeno Príncipe, é acusado de matar 65 bandidos no município de Camaragibe (PE) e em bairros do subúrbio. Garnizé, músico, 26 anos, componente da banda de rap Faces do Subúrbio, militante político e líder comunitário em Camaragibe, usa a cultura para enfrentar a difícil sobrevivência na área. Dois jovens de uma mesma periferia, duas vidas cruzadas pelo mesmo tema: a violência urbana.

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